Os primórdios da Nutrição no Brasil | Dos primeiros cursos técnicos até a graduação em Nutrição na UERJ
Do século XIX a 1970
O correr dos tempos nos traz, como ponto de partida, o cenário da pesquisa médica sobre alimentação no Rio de Janeiro do século XIX.
Um conjunto de documentos passa pela criação dos primeiros cursos técnicos de nutrição e dietética, inclusive da Escola de Serviço Social Cecy Dodsworth, em 1944, origem deste curso de Nutrição.
Documentos que também mostram uma sucessão de mudanças institucionais até sua a chegada ao Instituto de Nutrição Annes Dias, onde permanece até a década de 1970.
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“Como ciência, a origem do campo encontra-se associada à disciplina ‘Higiene Alimentar’, área de estudo constituída a partir de meados do século XIX nas faculdades de medicina e que, na década de 1930, possibilitaria a institucionalização acadêmica deste novo campo científico.”
Fonte VASCONCELOS, F. de A. G. de; BATISTA FILHO, M. História do campo da Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, n. 1, p. 81-90, 2011.Documento 01
A fome passou a integrar a agenda de governo federal. Em face de tal questão, destacam-se as contribuições de médicos-nutrólogos, em especial, os estudos de Josué de Castro, que teriam colaborado no sentido da criação e formulação de políticas públicas de alimentação e nutrição no País.
A partir da década de 1930, duas principais abordagens – biológica e social – confluíram para a conformação do campo científico da Nutrição.
A terceira vertente de pensamento – Ciências Sociais e Humanas em Alimentação – entra em cena no final dos anos 2000.
Fonte:
SANTOS, C. R. B. Política Municipal de Alimentação e Nutrição da Cidade do Rio de Janeiro: uma narrativa sobre seu processo de formulação. Tese (Doutorado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2014.
Documento 02
- Curso Técnico de Auxiliares de Alimentação, nascedouro do atual curso de graduação em Nutrição da UNIRIO
- Curso de formação de nutricionistas, origem do atual curso de graduação em Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP
- Cursos Técnicos em Nutrição e Dietética na Superintendência do Ensino Profissional do Estado de São Paulo
Fonte:
VASCONCELOS, F. de A. G. de; CALADO, C. L. de A. Profissão nutricionista: 70 anos de história no Brasil. Revista de Nutrição, v. 24, n. 4, p. 605-617, 2011.
Documento 03
Vinculada à Secretaria Geral de Saúde e Assistência da Prefeitura do Distrito Federal, a Escola Técnica de Assistência Social destinou-se à formação gratuita de visitadoras sociais, educadoras domiciliares, puericultoras e nutricionistas
Em sua ampla maioria mulheres, essas trabalhadoras tinham sua atuação situada nos departamentos da Prefeitura do então Distrito Federal, capital da República, em especial, nas atividades relativas à merenda escolar.
“Cecy Dodsworth era esposa do então Prefeito Henrique Dodsworth e a Escola que leva seu nome correspondeu à instituição das mais remotas a dar origem aos [atuais] cursos de graduação de Serviço Social e de Nutrição da UERJ.”
O atual Instituto de Nutrição da UERJ, portanto, tem suas origens entre os cursos pioneiros no campo da Alimentação e Nutrição no Brasil.
Fontes:
BRASIL, Decreto-lei nº 6.527, de 24 de maio de 1944. Cria, na Prefeitura do Distrito Federal, a Escola Técnica de Assistência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União. Poder Executivo Federal, DF, 25 mai 1944.
SANTOS, C. R. B. Política Municipal de Alimentação e Nutrição da Cidade do Rio de Janeiro: uma narrativa sobre seu processo de formulação. Tese (Doutorado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2014.
“Em setembro de 1948, a Escola foi transferida para a Secretaria Geral de Educação e Cultura da Prefeitura do Distrito Federal, sendo mantidas as finalidades pelas quais foi criada […].
Esta transferência ocorreu talvez pela compreensão de que, em função de seu papel de formação de profissionais e pelo destino que os profissionais formados tinham o de atuar na merenda escolar estaria melhor alocada na Secretaria de Educação e não na de Saúde.”
Fonte:
SANTOS, C. R. B. Política Municipal de Alimentação e Nutrição da Cidade do Rio de Janeiro: uma narrativa sobre seu processo de formulação. Tese (Doutorado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2014.
Documento 02
Ainda nessa etapa, foi mantido em seu escopo o curso de formação de nutricionistas e a atenção para com a alimentação nas escolas.
O novo nome denota a força do campo do Serviço Social à época e, de certo modo, já anunciou seu futuro rumo ao caminho próprio na formação universitária de Assistentes Sociais.
Fonte:
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2023.
http://www.fss.uerj.br/
A nova Universidade resultou da fusão de outras quatro instituições: Faculdade de Ciências Econômicas do Rio de Janeiro, Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, Faculdade de Filosofia do Instituto La-Fayette e Faculdade de Ciências Médicas.
Posteriormente, outras instituições e cursos foram incorporados, incluindo a Faculdade de Serviço Social, em 1963, e o Curso de Nutrição, em 1974.
Fontes:
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2023a.
https://www.uerj.br/a-uerj/a-universidade/memoria/uerj-70-anos/REZNIK et al, 2019.
https://www.uerj.br/wp-content/uploads/2019/12/Book-UERJ-70-anos.pdfUNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2023.
http://www.fss.uerj.br/
Esse Instituto permaneceu subordinado à Secretaria Geral de Educação e Cultura do Rio de Janeiro.
Compondo seu leque de ações, congregou as atividades de assistência, pesquisa e ensino que eram até então desenvolvidas (a) pelo Setor de Alimentação Escolar da Secretaria Municipal de Educação, (b) pelo Setor de Pesquisa de Nutrição do Instituto de Pesquisas Educacionais e (c) pelo Curso de Nutrição do Instituto de Serviço Social (a antiga Escola de Assistência Social Cecy Dodsworth).
Fontes:
SANTOS, C. R. B. Política Municipal de Alimentação e Nutrição da Cidade do Rio de Janeiro: uma narrativa sobre seu processo de formulação. Tese (Doutorado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2014.
COSTA, E. de Q.; LIMA, E. da S.; RIBEIRO, V. M. B. O treinamento de merendeiras: análise do material instrucional do Instituto de Nutrição Annes Dias. Rio de Janeiro (1956-94). História, Ciências, Saúde. Manguinhos, v. 9, n. 3, p. 535-60, 2002.
“A gratuidade do ensino foi efetivada, passando a URJ a contar com dotação orçamentária não inferior a 0,5% da receita ordinária da Prefeitura, arrecadada no período anterior.
A nova legislação ainda facultou aos professores catedráticos e assistentes da URJ a inscrição no regime de aposentadoria dos funcionários municipais (Montepio dos Empregados Municipais).”
Fonte:
REZNIK et al, 2019.
https://www.uerj.br/wp-content/uploads/2019/12/Book-UERJ-70-anos.pdf
Início da integração do Instituto Municipal de Nutrição com a URJ para efeito didático pedagógico e disciplinar.
Ou seja, a formação de profissionais passou a se dar através do Instituto de Nutrição da URJ.
Nesse processo, o Instituto Municipal de Nutrição permaneceu em sua situação administrativa e financeira original.
Fonte:
SANTOS, C. R. B. Política Municipal de Alimentação e Nutrição da Cidade do Rio de Janeiro: uma narrativa sobre seu processo de formulação. Tese (Doutorado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2014.
Documento 02
O Município do Rio de Janeiro, até então capital do país, foi transformado na cidade-estado denominada Guanabara.
Brasília passou à condição de nova capital do Brasil.
O Instituto de Nutrição foi renomeado e seguiu para a esfera estadual.
Fonte:
SANTOS, C. R. B. Política Municipal de Alimentação e Nutrição da Cidade do Rio de Janeiro: uma narrativa sobre seu processo de formulação. Tese (Doutorado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2014.
Documento 02
“[…] além das atribuições que já desenvolvia, o Instituto [Estadual de Nutrição ] mantinha convênio com a Universidade do Estado da Guanabara para o desenvolvimento de atividades de ensino e pesquisa, oferecendo cursos de nível superior para a formação de nutricionistas e de pós-graduação para médicos nutrólogos, além dos cursos de curta e média duração para merendeiras (nível elementar) e Educadoras Alimentares (nível médio), por meio do Setor de Ensino e Pesquisa.”
Fonte:
SANTOS, C. R. B. Política Municipal de Alimentação e Nutrição da Cidade do Rio de Janeiro: uma narrativa sobre seu processo de formulação. Tese (Doutorado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2014.
Documento 02
Essa nova denominação acompanha as mudanças administrativas e de nomenclatura derivadas do reordenamento político que gerou a Guanabara.
Fonte:
SANTOS, C. R. B. Política Municipal de Alimentação e Nutrição da Cidade do Rio de Janeiro: uma narrativa sobre seu processo de formulação. Tese (Doutorado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2014.
Documento 02
Em mais um processo de reordenamento institucional, o agora INAD ficou sob o controle técnico e fiscalização do Departamento de Serviços Complementares da Secretaria de Educação.
A nova estrutura contemplava o “[…] Serviço de Ensino foi dividido em quatro seções: cursos médicos, cursos de nutricionistas, cursos diversos e registro escolar; o Serviço de Pesquisas, em duas seções: Seção de Inquérito e Seção de Laboratórios (de Bromatologia e de Bioquímica); e o Serviço de Assistência Alimentar, também em duas seções: a de Assistência Alimentar e a de Educação Alimentar.”
Notar certa ambiguidade na denominação que, ao longo do tempo, oscila entre Curso de Nutrição e Curso de Nutricionistas.
Fonte:
COSTA, E. de Q.; LIMA, E. da S.; RIBEIRO, V. M. B. O treinamento de merendeiras: análise do material instrucional do Instituto de Nutrição Annes Dias. Rio de Janeiro (1956-94). História, Ciências, Saúde. Manguinhos, v. 9, n. 3, p. 535-60, 2002.
Documento 05